Por que sentimos água na boca
Todo mundo produz uma pequena quantidade de saliva o tempo todo, mas a produção aumenta quase dez vezes quando uma pessoa vê, cheira ou pensa em comida. A saliva que enche a boca nessas horas é essencial por várias razões. Primeiro, somente quando dissolvidos na saliva é que pedaços microscópicos desprendidos dos alimentos chegam até as papilas gustativas, que sinalizam ao cérebro o tipo de comida que você tem na boca: água, sal, ácido, doce, proteína, ou algo amargo e, portanto, potencialmente nocivo, nada bom de ser engolido.

Assim, além de reconhecer o alimento pelo gosto, o seu cérebro já vai preparando o corpo para a digestão. Segundo, a saliva contém enzimas que começam a partir em pedaços menores os carboidratos, grandes moléculas de açúcar como o amido do pão.
Além disso, é a saliva que umedece e dá liga aos alimentos triturados e permite que eles sejam transformados em um grande “bolo” compacto e lubrificado, que pode ser engolido sem risco de engasgo. Se você não acredita que comida seca não desce sem saliva, experimente o famoso Teste da Bolacha: comer três biscoitos em menos de um minuto, sem apelar para um copo d’água. É simplesmente impossível! A razão é que, mesmo trabalhando dez vezes mais rápido, as glândulas parótidas e salivares não conseguem produzir saliva com a rapidez necessária para que os pedaços de biscoito passem em menos de um minuto de paçoca a uma massa umedecida que possa deslizar até o seu estômago.
A boa notícia é que a produção de saliva é automática, comandada pelo sistema nervoso autônomo sempre que o cérebro detecta a presença de comida na boca. O interessante é que, por associação, também funciona pensar em comida, sentir o cheiro bom do almoço no fogo e até ouvir que ficou pronto aquele prato de que você gosta. O caso mais famoso de água na boca por associação, claro, é o já lendário cão do fisiologista russo Ivan Pavlov. De tanto ouvir um sino tocar antes de receber sua comida todos os dias, o animal passou a salivar em resposta ao tocar do sino, mesmo que o prato demorasse a chegar.
Fonte: Suzana Herculano Houzel, Departamento de Anatomia. Universidade Federal do Rio de Janeiro.
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